terça-feira, 26 de outubro de 2010

A guerreira afegã

“Mulher foi criada para cuidar da casa e das crianças”. Essa frase foi praticamente uma regra a alguns anos atrás, ou podemos dizer, que ainda vive na cabeça de muitas pessoas e, em alguns países isso parece que nunca vai mudar.

Capa da revista Times, uma afegã chamada Bibi Aisha de 18 anos, é um exemplo de como está a situação das mulheres no país. Adiantando... não está nada bom.

Aisha foi dada pelo seu pai em troca de um crime que um tio dela cometeu (costume tribal chamado baad). A sua nova família faz parte do Talibã, em especial o seu marido. Neste período Aisha era uma menina de aproximadamente 12 anos.


Era escravizada, dormia em um tipo de estábulo junto com animais e sofria agressões constantemente. Cansada de tudo isso, Aisha conseguiu fugir, mas logo foi capturada pela polícia.

No Afeganistão é proibido mulher andar sozinha pelas ruas. De alguma maneira seu pai teve conhecimento do fato e foi até a delegacia, pedindo a soltura da filha. Conseguiu com que Aisha fosse libertada, mas a levou para a família a qual ele a deu. Tirou-a da prisão e a levou aos torturadores. Isso é que eu chamo de atitude de pai!

A afegã foi levada para um local isolado e imobilizada pela “própria” família. Não se sabe se foi o irmão do marido ou ele próprio a cortar suas orelhas e seu nariz. Deixaram Aisha desmaiada para morrer. Quando acordou não conseguia nem enxergar direito. Caminhou até a sua antiga vila pedindo abrigo mas, seu tio não a deixou entrar.

Não se tem informações de quem a levou para a base militar americana, onde recebeu tratamento médico. Praticamente este foi o renascimento desta pequena afegã.

A escravidão e a tortura são marcas que essa afegã carregará por toda vida.

Hoje, Aisha está a espera de uma cirurgia, e finalmente está se instruindo, estudando e conhecendo um mundo novo.

Ela conseguiu uma prótese para o nariz, e na imagem divulgada podemos ver uma guerreira que agora, mesmo com todos os traumas, pode sorrir.


Fonte/ imagens: Blog Mulher 7x7 - Época

Um comentário:

ALBERTINE disse...

"As a journalist, sometimes no matter how much you want to distance yourself from what you are reporting, you can't. Long after she has left Kabul I know I won't be able to stop thinking of Aisha, just as I'm unable to forget the many other victims in Afghanistan that I've met". - Atia Abawi, correspondente da CNN