terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aquela dança


Ela se move na pista
Não acerta os passos
Mas o escuro
Parece local seguro

Ela tem ele à vista
Observa seu compasso
Tudo parece tão claro
Os pés deslizam no chão duro

Mas o coração palpita
Entorpecidos pelo balanço
Mexem-se quadris e ombros
Braços erguem-se em coro

Com sorriso minimalista
De canto de olho, enxerga o sucesso
Do flerte prematuro
O romance sem futuro

Do jeito que gosta
Entrelaçam-se num abraço
O canto da boca sorri em apuros
"É a última vez, eu juro"

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A reação alérgica


Óculos quadrados, pretos por fora, rosa por dentro, fica bem em qualquer um que experimenta, estava na garota de blusinha preta, que virou o rosto para não ver a agulha furando a pele, o pânico é maior do que a dor, tem medo de injeção e fazia um bom tempo que não era picada na veia. A mãe tenta lhe confortar, passa gentilmente as mãos em suas costas. Ela não viu como isso aconteceu, mas um esparadrapo e algodão logo tomaram o lugar da agulha que colocou o remédio pra dentro. Agora ela estava fazendo inalação.

[...]

Três horas antes, ela havia acordado para mais uma segunda-feira de trabalho. Sentiu a garganta seca, praguejou contra o tempo seco. Sentiu a boca maior, colocou a mão no rosto, algo estranho acontecia. Pegou o celular e no escuro do quarto, fez dele espelho, como muitas vezes antes, mas agora enxergou um rosto que não era dela. A mãe fazia hora na cama, levantou-se, foi até o espelho do banheiro. A mãe passou no corredor:

- Mãe, acho que não vou trabalhar hoje.
- Por que?