Muitas de nós

Muitas de nós ganharemos flores

Mas, muitas de nós não terminaremos este dia

Por conta da violência, por ser nossa a culpa

Muitas flores serão derramadas em túmulos 

Que calam de vez, muitas de nós

Muitas de nós vão ~ter que se dar o respeito~ enquanto encontram por aí, caras que não nos respeitam

Muitas de nós carregaremos bebês na barriga, abandonadas antes mesmo de paridas

Muitas de nós morreremos num aborto, mas muitas de nós não podem abortar, só aquelas que podem pagar

Muitas de nós seremos julgadas, por suas roupas, batons e cabelos

Muitas de nós seremos ~mandonas~ e desconfiarão que “só estamos ali, por que dormimos com alguém”

Muitas de nós seremos abusadas, por homens que deveriam nos amar, nos tirando a inocência e a vontade de viver

Muitas de nós apanharemos e, depois, ganharemos flores do arrependido agressor, que diz nos amar muito

Muita de nós não queremos ser mães, tantas outras, sonham com isso e, não importa, seremos julgadas por qualquer escolha

Muitas de nós não teremos escolha

Muitas de nós não viajaremos sozinhas, pois não nos sentimos seguras

Muitas de nós viajaremos sozinhas, mesmo que com uma amiga, seremos mortas e a culpa será nossa

Muitas de nós temos de ser virgens, enquanto os rapazes não

Muitas de nós não ligam para esteriótipos, mas são taxadas, por muitas de nós, como “vacas, vagabundas e putas”

Muitas de nós somos putas

Muitas de nós nos calamos, mas já percebemos que temos uma voz

Somo muitas

Com a voz de muitas, poderemos nos fazer ouvidas

Muitas... de nós!

8 de março.
Dia Internacional da Mulher