Confirmando as expectativas mundiais, Barack Obama foi eleito, o primeiro presidente norte-americano afro descendente, quebrando uma barreira até então instransponível, um país dividido e segregador, vai as urnas em votação recorde e elege, um homem negro, há pouco desconhecido e agora adorado pelo mundo inteiro. Obama tem a responsabilidade de, no dia 20 de janeiro de 2009, assumir um país desconfiado e em plena crise economica.
Mas, qual a trajetória deste homem que emociona o mundo?
Quando subiu ao palanque da Convenção do Partido Democrata, em 2004, para apoiar a candidatura de John Kerry à presidência dos EUA, Barack Obama era apenas um político regional, pouco conhecido fora do estado de Illinois. Ao descer do palanque, começava sua trajetória para se tornar o futuro presidente dos Estados Unidos.
“Minha presença neste palco é improvável”, disse Obama na ocasião. “Sou filho de um estudante estrangeiro do Quênia que veio aos EUA. Minha história é parte de uma maior história americana, que tem fé em sonhos simples: vida, liberdade e busca pela felicidade”. E concluiu com sua famosa frase: “Não há uma América liberal ou conservadora, uma América branca ou negra, há os Estados Unidos da América”.
Em 2007, ele anunciou que seria pré-candidato à presidência dos EUA e, ao longo de 2008, enfrentou uma longa batalha com a senadora Hillary Clinton para assegurar sua candidatura.
Mas a “improvável” história de Obama começa no Havaí, há 47 anos. Seu pai, também chamado Barack Obama, era um aluno negro com bolsa de estudos que viajou de sua pequena vila no Quênia para estudar na Universidade do Havaí. Sua mãe, Ann Dunham, era branca e tinha só 18 anos quando eles se conheceram numa aula de russo. Barack - “abençoado” em árabe - nasceu em 4 de agosto de 1961.
O casamento de seus pais durou pouco. Seu pai deixou a família para estudar em Harvard quando seu filho fez dois anos, voltando apenas uma vez. O menino foi criado pela mãe (que se casou de novo e teve a menina Maya) e pelos avós maternos.
Além do Havaí, Obama morou na Indonésia, em Nova York, onde estudou, e em Chicago, que se tornaria a sua base política. Obama chegou a Chicago em 1985, com um diploma universitário, um mapa da cidade e um novo emprego - organizador de comunidade. Salário inicial: US$ 13 mil por ano (incluindo dinheiro para despesas com automóvel).
Pouco depois, Obama partiu para Harvard, onde se formaria em Direito, em 1991. Lá, viveu dois momentos cruciais. Um foi durante o primeiro verão em que trabalhou numa grande firma de advocacia em Chicago e conheceu outra graduada de Direito em Harvard, Michelle Robinson, que se tornaria sua esposa em 1992 e a mãe de suas duas filhas, Malia e Sasha. Outro foi um triunfo pessoal: Obama chegou às manchetes quando foi eleito o primeiro presidente negro do Harvard Law Review, talvez a mais prestigiada publicação jurídica do país.
Ao se formar, apesar das ofertas para advogar, Obama decidiu seguir carreira política. De volta a Chicago, Obama se juntou a uma pequena firma de direitos civis, criou uma campanha e deu aula de direito constitucional na Faculdade de Direito da Universidade de Chicago.
Em 1996, ele foi eleito para o cargo no Parlamento estadual representando Hyde Park - a região em South Side que inclui a universidade e alguns bairros bastante pobres. Obama ajudou a mudar as leis sobre pena de morte, ética e perfil racial, e ganhou crédito de impostos para trabalhadores pobres. Mas ele falhou em sua campanha pelo seguro saúde universal.
Passados oito anos como legislador estadual, Obama consegue eleger-se senador, em 2004. Não precisou, portanto, posicionar-se quanto à invasão do Iraque, definida no ano anterior.
Em seu livro “A audácia da esperança”, ele diz que ser senador o poupou de alguns dos “esbarrões e hematomas” que muitos homens negros suportam. Mas também escreveu que havia enfrentado “o ritual de mesquinharias”, incluindo guardas de segurança que o seguiram em lojas de departamentos, casais brancos entregando a chave do carro a ele do lado de fora de restaurantes, confundindo-o com o manobrista. “Eu sei como é quando as pessoas me dizem que não posso fazer algo por causa da minha cor e eu sei o gosto amargo do orgulho negro engolido".
No mesmo ano em que se elegeu senador, Obama ganhou projeção nacional na Convenção Democrata. Desde então, ele tem tido o toque de Midas: escreveu dois livros best-sellers, ganhou um Grammy por ter gravado um deles, saiu capas de revista, colecionou aparições na TV e foi subindo, mês a mês, nas pesquisas de intenção de voto.
Sua inexperiência será posta à prova a partir de 20 de janeiro de 2009, quando Obama assumirá como o primeiro presidente negro da história dos EUA.
Discurso da Vitória
No discurso da vitória, o senador democrata disse que a "hora da mudança chegou à América".
"Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta," afirmou Obama na abetura do seu discurso de vitória.
Obama disse que o caminho que os Estados Unidos têm à frente é difícil e pediu "unidade" para enfrentar os desafios. "Nossa escalada vai ser íngreme. Nós não chegaremos lá em um ano nem em um mandato, mas, América, eu nunca estive tão esperançoso como nesta noite em que nós estamos aqui", disse.
O presidente eleito afirmou que é hora de "sonhar novamente o sonho americano". Ele reprisou várias vezes o "Yes, we can" (sim, nós podemos), um dos lemas de sua campanha, e disse que "tudo é possível".
Nome: Barack Obama
Nascimento: 4 de agosto de 1961, Honolulu.
Educação: Universidade de Columbia, bacharelado; Harvard Law, doutorado juris.
Carreira: Líder comunitário, Projeto de Desenvolvimento de Comunidades, 1985-88; advogado, firma de Miner Barnhill e Galland, 1993-2004; Senado do Estado de Illinois 1997-2004; Senado dos Estados Unidos, 2004-atual.
Família: Casado desde 1992 com Michelle Robinson Obama; duas filhas, Malia, nascida em 1998; Sasha, nascida em 2001.
Hobbies: Basquete, escrever, golfe, pôquer, ler, passar tempo com sua família, assistir ao "SportsCenter" na ESPN.