segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Neo-coronelismo paulistano


Para quem achava que o voto de cabresto acabara, ou só resistia lá para os coronéis nordestinos, os paulistanos mostram que a mídia, calgada pelo PSDB, pôde eleger seu candidato, o “pobre e injustiçado” Kassab.

Kassab ganhou votos até dos chamados “vagabundos”, ganhando em 41 das 57 zonas eleitorais. É claro que, o resultado mais expressivo do atual prefeito aconteceu no Jardim Paulista, região nobre da cidade. Lá, Gilberto Kassab obteve 84% dos votos válidos. O bairro já havia garantido a José Serra sua melhor votação em 2004, também em disputa contra a petista. Na ocasião, o tucano conseguiu 75,2% dos votos válidos, contra 24,8% de Marta.

Marta Suplicy, por sua vez, superou Kassab em 16 zonas eleitorais, todas elas em regiões de extremo do município. Parelheiros (77%) e Grajaú (75%), no extremo Sul, e Cidade Tiradentes (69%), na zona Leste, foram os locais nos quais a petista teve seu melhor desempenho.

O candidato do DEM avançou sobre tradicionais redutos eleitorais de Marta. Na Capela do Socorro (zona Sul), região vencida por Marta no primeiro turno por 42 a 32, Kassab bateu a petista no segundo turno por 51 a 49. Na Cidade Ademar, a petista passou de uma liderança de 37 a 32 no primeiro turno para uma derrota por 56 a 44 no segundo.

Pelo jeito, até os “vagabundos” se ofenderam com a campanha “difamadora” da petista. Agora se Kassab tem filhos, é casado, é do partido de base do governo militar, era aliado de Pitta, não importa, a população paulistana o adora!

E que venha 2010, não é mesmo Serra?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Caos em São Paulo


Um seqüestro: 100 horas.

Polícia para quem precisa: Polícia Civil versus Polícia Militar.

Um estado sem governo: Serra de olho na cadeira presidencial, esquece do próprio quintal.

Em um estado em que um seqüestro dura mais de 100 horas, e na mesma semana policiais se enfrentam em luta armada, o que pode se esperar?

Lindembergue Alves, 22 anos, dia 13 de outubro: invade apartamento da ex-namorada, onde encontram-se Eloá Cristina (sua ex), mais 3 amigos. Todos ficam esperançosos já que Lindembergue liberta dois amigos de Eloá no início do seqüestro, não se sabia que noites e dias estavam por vir. Nayara e Eloá demonstram ter um forte laço de amizade, já que a amiga libertada retorna ao apartamento (fato ainda sem explicação) para acompanhar o desfecho do caso.

Sexta-feira, dia 17 de outubro: a semana inteira o seqüestrador não demonstrou vontade de se entregar, foi agressivo com as reféns, em especial com Eloá, conversas com os negociadores demonstravam a total falta de estrutura psicológica, a polícia perdera cinco chances de acabar com o seqüestro com um tiro de um atirador de elite (direitos humanos? onde estão os direitos de Eloá? e os de Nayara que ainda nem sabe que a amiga não resistiu aos ferimentos).

A invasão da polícia é outro fato não explicado, dizem que um disparo foi ouvido, mas como não pensar que a porta poderia estar trancada com algo mais que a chave? Lindembergue teve toda a chance de agir, atirou nas meninas e não se entregou, teve que ser removido a força.

Nayara desce as escadas correndo, sangrando, mas aparentemente bem. Eloá nos braços de um policial, desacordada. Chegam ao hospital, Nayara com um tiro na face, caso menos grave. Eloá um tiro na virilia e outro na cabeça. Anunciam a morte da menina, desanunciam logo mais. Um sábado de espera, protocolo de morte cerebral, anunciada a morte definitiva da adolescente.

Show Midiático

Durante todo o seqüestro, um show se instalava na mídia. Lindembergue era o grande astro do espetáculo, agenda lotada! Recebia ligações, era o tal. Quando podia-se imaginar que um “Zé ninguém” seria disputado por todas emissoras de TV? Falaria ao vivo em programas de entretenimento (?)?

A mídia informava, o sequestrador. E ele, sentia-se um rei, poderoso...poderoso.

Guerra dos Mundos

No meio da semana, o "seqüestrador-rei" perdia uns minutos na TV para o embate das polícias.

Policiais civis em greve, queriam negociar com o tal, governador, impedidos pelo Choque, chocaram-se duas instituições que deveriam nos proteger de “Lindembergues”.

Para Serra, governador (?), o confronto teve cunho político eleitoreiro, e a mídia? Achou isso mesmo, deu voz apenas ao presidenciavel e calou-se.

Doadora de vida

Eloá não poderá mais conviver com os amigos, navegar na internet, por fotos no Orkut. Assassinada por aquele que dizia ama-la, a garota vai ficar nas lembranças de familiares e amigos, e também em pedaços, órgãos doados pela família, outras pessoas poderão continuar a viver com um pedacinho de Eloá...a renovação da vida.

Pesames

À família, aos amigos...

À polícia

Ao estado de São Paulo

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