Por falta de dinheiro, Casa do Sol vai parar de atender crianças portadoras do vírus HIV em São Paulo. A Casa Sol, que funciona na Zona Sul da cidade há dois anos, está com o aluguel atrasado há quatro meses e já recebeu a ordem de despejo.
A instituição atendia 472 crianças no bairro São Judas. Elas recebiam tratamento odontológico especializado para portadores de HIV, além de aulas de informática.
Dia 1 de dezembro é o dia mundial de combate à Aids, doença proliferada no Brasil nos anos 80, atingiu (e ainda atinge) várias pessoas, inclusive ídolos da época. Cazuza e Renato Russo são exemplos de ídolos mortos pela doença. Muito já se foi feito, mas há muito o que se fazer, conscientizar têm sido a arma dos governos no combate ao vírus. A doença também chegou às crianças, que contaminadas por seus pais, sofrem desde o nascimento, com o preconceito e muitas vezes, falta de recursos. Instituições e Abrigos, às vezes, são a única saída e esperança dessas crianças, mas não recebem o apoio devido, tanto do Governo como da sociedade, que simplesmente fecha os olhos para aquilo que não é agradável enxergar.
Meses atrás tive a oportunidade de abrir meus olhos, em visita à um abrigo de crianças, umas com HIV, outras sem, pude enxergar uma nova realidade. Abaixo o texto escrito para a
Revista Cereja.
A idéia de visitar crianças em um abrigo não parecia assim muito agradável, afinal para que sair do meu mundo repleto de alegrias e tocar em um mundo onde crianças esperam que algo mude suas vidas a cada dia? Todos somos cheios de pré-conceitos, e cheguei a achar que a visita me faria mal, me deixaria triste, as crianças além de serem abandonadas tinham o agravante de terem HIV. Por que tocar na dor dos outros?
Ao me deparar com o grande portão azul que abre um universo paralelo, vi que não havia mais jeito, era descer a rampa e vivenciar o que estava por vir. E vi crianças correndo com suas “motocas”, era hora de brincar! Vi a “tia Fá”, coordenadora do abrigo, a quem as crianças recorrem a todo instante, seja para uma queixa, um pedido ou até mesmo uma homenagem. Fátima é uma pessoa admirável, dessas que não se encontra todos os dias, dessas que você tem que conhecer. Depois de ouvir bastante, percebi que a luta dela em manter a mente dessas crianças e adolescentes sã é muito grande, há tantos conflitos. Imagine-se dentro de uma casa que não é sua, rodeado de pessoas que não são sua família, você não tem mãe, nem pai, nada para chamar de seu...é um belo roteiro para a mente de um adolescente tornar-se ainda mais confusa.
E o lanche da tarde! As crianças menores sentaram-se em uma mesa , batiam as mãos e cantavam: “el, el , el , queremos pastel!”. Isso mesmo, pastel e refrigerante, por coincidência meu almoço do dia, mas não me lembro de ter ficado tão contente. Depois tive a oportunidade de ouvir Robson , uma garoto de 14 anos, ele tem o mesmo sonho de um garoto de 14 anos que conheço, quer ser jogador de futebol.
Fui presenteada com brincadeiras no “parquinho”, segurando em minha mão, Israel me puxou para brincar, gira-gira, escorregador, achar pedrinhas, e o melhor, o som de gargalhadas infantis e o sorriso de cada uma delas.
Ao subir a rampa, chegando no portão azul, olhei para trás e vi Roberto acenando um tchau sorridente, “eles estão acostumados a se despedir”.
No final, não estava triste, mas agradecida. As crianças e adolescentes que encontrei, ainda tinham alguém que zela por eles, pensei naqueles que dormem nas ruas e não tem nem um pastel para comer....sempre temos o que agradecer!
Todos nós só queremos uma coisa: vHIVer!