segunda-feira, 25 de outubro de 2010

"Aquele homem ali é um pobre?"



A frase acima, apesar de ser mais comum do que deveria, chamou a minha atenção hoje pela manhã. Enquanto ia para o trabalho, cruzei com uma mãe e sua filha, que deveria ter no máximo uns cinco anos de idade. E, com toda a inocência de uma criança, ela fez essa pergunta para a mãe, se referindo a um senhor, um mendigo, que estava sentado na calçada por onde ela havia passado.

Sei que ela é apenas uma criança e não tem ainda total consciência daquilo que fala. Mas, fiquei pensando no que devem ensinar para essa menina em casa. Porque, pela pergunta dela: "ele é um pobre?", me pareceu que ela falava daquele homem como se falasse de alguma coisa quase imaginária.

Fico me perguntando se isso realmente deveria ser visto como uma coisa normal. Afinal, a frase e a reação dela representam aquilo que hoje já está incorporado na nossa sociedade: essa "guerra" de classes, com ricos lutando para jogar os pobres debaixo do tapete.

Não pensem que, por conta do que eu escrevi ai em cima, simpatizo com a candidata do PT, que compra os pobres com sua "bolsa-esmola", ou com o candidato do PSDB, que agora se faz de amigos dos menos favorecidos. Para mim nenhum dos dois se importa de verdade com que realmente precisa deles nesse país. Mas isso é assunto pra outro post.

O que acontece é que tudo nesse país se tornou uma guerra entre ricos e pobres. Desde o nascimento até a morte as pessoas são discriminadas e taxadas de acordo com sua classe social.

Aqui em São Paulo nós temos ruas de pobres e ruas de ricos. Shoppings de pobres e shoppings de ricos. Lojas de pobres e lojas de ricos. Lanchonetes de pobres e lanchonetes de ricos. E ai do pobre que ousar invadir o espaço daqueles mais favorecidos. É capaz de ir preso por poluir visualmente o ambiente.

Aqui em São Paulo, temos até metrô de pobre e metrô de rico. Digo isso porque essa semana praticamente todos os veículos publicaram uma matéria falando sobre a superlotação da Linha Verde do Metrô. E sabem o que um dos entrevistados disse sobvre isso: que agora, por causa das pessoas que pegam o metrô nas estações que ficam mais próximas da periferia (como Tamaduateí e Vila Prudente, que nem são tão periferia assim), as pessoas que vivem "nas áreas nobres da Paulista" não vão mais conseguir utilizar o Metrô.

Ou seja, além de ser inaceitável que a linha "nobre" do Metrô seja utilizada por mais pessoas, a culpa de tudo ainda é das pessoas que demoram duas ou três horas para chegar ao trabalho.

Sinceramente, pelas matérias que li sobre o assunto, daqui a pouco vão proibir quem mora em bairros da periferia ou que ganha menos de 30 salários minímos de utilizar a Linha Verde só pra não incomodar a realeza que mora na região e poupá-los do convívio com a plebe.

Pois é, e talvez aquela garotinha não seja a única a ter dúvidas sobre o que é um pobre.

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