terça-feira, 13 de setembro de 2011

Não conheci Blumenau

Parque Vila Germânica em Blumenau. Foto: Monique Souza
No táxi, dia de chuva em São Paulo, trânsito multiplicado. Adrenalina natural de quem acha que vai chegar atrasada no aeroporto. Ao meu lado, uma mulher de mais de 60 anos, fala ao celular e apressa o taxista, cabelos brancos e curtos, um sotaque engraçado que você não identifica de primeira, nem de segunda. Ela é egípcia. E como diz, tem o francês como “língua mãe” e mesmo depois de muitos anos no Brasil ainda tem um português carregado no sotaque. Vivi Haydu, que na época era minha chefe na Revista Têxtil, vai para mais uma viagem de trabalho, de inúmeras que já fez, eu vou ao seu lado, para minha primeira cobertura jornalística fora de São Paulo, a feira era a Texfair Home, evento de cama, mesa e banho importante para o setor têxtil em época de falta de algodão, em fevereiro de 2011.

O trânsito se dissipa a nossa frente e conseguimos chegar ao aeroporto de Congonhas, Vivi anda por seus corredores como se fosse sua casa, ela já esteve em muitos aeroportos, como os da Europa. Eu corro atrás dela e me sinto como sua “Emily”, afinal Vivi Haydu tem mesmo seus momentos de Miranda Priestly e não só na aparência. Deu tudo certo no embarque e no voo, vale citar que a delegação do Atlético Goianiense estava presente, fui conversando com o atacante Marcão, que se surpreendeu pelo meu conhecimento em futebol, até mesmo do time dele, que não é lá um dos mais conhecidos do Brasil.
Desembarcamos no aeroporto de Florianópolis e de lá ainda tinha um chão até Blumenau, com direito a ônibus, tempestade no caminho e mais uma van para chegar até o hotel. Era a primeira vez que ficava sozinha num quarto de hotel e na primeira noite gostei daquela solidão. A rotina em Blumenau era intensa, acordar cedo, tomar café da manhã no hotel, pegar a van que levava até a feira, andar, andar, parar para Vivi cumprimentar pessoas conhecidas de outras edições do evento e de outros eventos e sair coletando informações para minha reportagem. Ao final do dia cansativo, tinha a hora da alegria, um jantar era oferecido aos jornalistas que foram cobrir o evento, em cada noite fomos em restaurantes diferentes, todos excelentes. Os jantares proporcionavam também a oportunidade de conhecer pessoas, como o assessor responsável pela divulgação do evento, Ivo, mais de 50 anos, criador de cães campeões e com o relacionamento mais estável entre os jornalistas, era casado há mais de 20 anos com outro homem. Os demais jornalistas estavam pra lá do segundo casamento ou tinham tomado um pé na bunda, como eu.

Trabalhei muito, não tive oportunidade de realmente conhecer Blumenau, afinal só chegava no hotel depois das 11 da noite, mas conheci pessoas incríveis. E tive oportunidade de conviver mais com Vivi Haydu, uma das pessoas com quem mais aprendi na vida com quem concordei, discordei, argumentei, briguei, mas no fim...amei.

*Texto (narrativa de viagem) produzido para aula do curso de Jornalismo Literário, ministrado pela Profª Monica Martinez

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito boa a sua "odisseia" por Blumenau; já dá para nós adaptarmos um roteiro para reproduzir a versão brasileira de "O Diabo Veste Prada", que tal? O nome seria: "O Demo veio do Cairo"... Afinal, eu tenho uma veia para ser cineasta, lembra-se? haha. Brincadeiras à parte, fico feliz pela experiência que você viveu nesta viagem; conheceu profissionais da sua área, pessoas exóticas, lugares diferentes, rotina distinta à que você está acostumada, enfim... Implementos a sua carreira jornalística. Parabéns e todo o sucesso. Que muitas viagens e contos surjam daqui em diante. ^^

Yuri