segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seus gols são sempre de letra



A página de esportes deveria ser o único lugar frequentado por jogadores de futebol dentro dos jornais. Afinal, como diz Tiago Leifert, esporte é entretenimento. Mas, não é o que vimos ultimamente. Casos como o do ex-goleiro Bruno, que está preso até hoje e ainda não acharam o tal corpo de Elisa, ou dos jogadores do mesmo Flamengo (na época), Vágner Love e Adriano que tiveram que justificar para a polícia suas ligações com traficantes no Rio, só fazem os atletas perderem cada dia mais o brilho e admiração fora de campo.

Caso recente de levar a mídia a discutir os valores dos jogadores de futebol, foi o destempero do jovem Neymar. Menino que foi “diagnosticado” craque, desde sempre, agiu de forma inesperada, o que o levou a punição do clube e da imprensa. Todos tinham que dar uma opinião sobre “o que deu em Neymar?”

No futebol, sempre surgiram ídolos e em minha opinião, sempre surgirão. Se eu contar a história da minha ligação com futebol, fica fácil de enteder essa relação.

Primeira neta da família, de ambos os lados. Vô santista, tios divididos entre Santos e Corinthians, pai palmeirense, mãe corintiana. 1992, tinha 4 anos e um amigo, chamado Diogo, sãopaulino. Dizem que ele me influenciou, acredito que sim, mas nada me influenciou mais do que, assistir no dia 13 de dezembro de 1992 o primeiro título mundial do tricolor. Lembro que meu pai assistiu comigo e lembro também que nesse jogo um ídolo surgia para mim: Raí. (Desde pequena já sabia o que era bom, hein?)

Raí é meu ídolo e ponto. E mesmo depois que parou de jogar admirá-lo não é nada difícil, porque além de ter sido craque em campo, é craque fora dele. Acho que em Agosto, ele foi capa da Revista Brasileiros, quando li a reportagem, babei!

Abaixo um trecho da reportagem de Nirlando Beirão, Hélio Campos Mello e Dimitri Mussard:

Raí Souza Vieira de Oliveira assim como no futebol, onde militou de forma exemplar em campo e, agora, com a mesma elegância, fora dele, Raí é uma caixinha de surpresas.

Cosmopolita, sofisticado, devorador de corações, líder, ídolo, craque, superpai, superavô, cidadão consciente - uma unanimidade no minado campo de futebol. Ainda mais agora, que a reputação de jogador nunca rastejou tão miseravelmente, graças aos Brunos, Adrianos e certos inhos da vida. Raí contraria a generalizada impressão de que futebol é só barbárie, violência e corrupção. Ele é um homem do bem.

Aos 45 anos, preside a Fundação Gol de Letra, que fundou, dez anos atrás, com Leonardo Nascimento de Araújo, seu ex-colega de Seleção e de Paris Saint-Germain. É uma entidade reconhecida pela UNESCO e tem hoje sob sua responsabilidade direta mais de mil garotos e garotas, no Rio e em São Paulo. E cada vez mais, Raí se envolve, sem dissimulação hipócrita, na luta política, mas não partidária, por um esporte de melhor nível no Brasil - em prol da dignidade daqueles que fazem ou fizeram do esporte uma profissão.

Raí nasceu em Ribeirão Preto e,assim como seu irmão, craque e gênio, o doutor Sócrates, começou no Botafogo local, mas sua carreira pode se resumir, com merecidas passagens pela Seleção (ele foi campeão do mundo em 1994), ao São Paulo e ao Paris Saint-Germain. Foi um dos muitos atletas brasileiros subitamente desterrados para a Europa, mas logo percebeu que, em seu processo de adaptação, não iria como muitos sentir falta da feijoada. Logo descobriu os sabores do cassoulet. Morou na banlieue parisiense, em Yvelines, e para chegar ao centro de treinamento do clube, tinha de atravessar uma floresta vizinha a Versalhes que servira de campo de caça aos Luíses, os reis Bourbon de França.


É de exemplos como os dele que o esporte brasileiro precisa. Craque, sofisticado, humilde e engajado!

A mulher que quando menina teve em seu primeiro amor o craque 10 do tricolor, agradece porque ele não perdeu o encanto, só o aumentou.

Link da reportagem completa.

Um comentário:

Yuri disse...

Jovens, de origem humilde, que, em sua maioria, conheceram as dificuldades da vida logo cedo. Repentinamente conhecem a fama e fortuna e não conseguem assimilar tamanhas mudanças em suas vidas. São adolescentes que sentem de uma hora para outra o poder em suas mãos... entende-se o porquê de tais atitudes. É preciso uma família bem estruturada ou de acompanhamento profissional lidar com todo esse sucesso. Exemplos não faltam... basta acompanhar os noticiários para constatar que não são problemas isolados.