Comecei a fazer um curso de redação criativa há duas semanas, estava a fim de fazer um curso, gosto de escrever e resolvi tentar. Na primeira aula já percebi que ali era meu lugar, gosto muito desse clima de reflexão textual e de escrever mesmo, o que sinto, o que posso, como posso, de forma criativa ou não.
A proposta na primeira aula foi ir a um lugar desconhecido e escrever a respeito de suas impressões. Mas assim, visita o lugar, depois senta e despeja tudo de uma vez. E, na aula passada teve uma votação dos textos lidos. A minha vitória foi conseguir ler meu texto, com voz tremida mas foi. Na votação, como sou legal e votei em outro texto, o meu não ganhou. Ficou no 6x5. E como ele não vai ser divulgado no Blog do Redação Criativa, compartilho com vocês!
Sou sedentária. Sou tímida. Mas preciso me movimentar. A verdade é que, meus movimentos sempre ficaram mais no plano mental, a imaginação voa. Estou tentando bloquear pensamentos, certos pensamentos. Então, tomo coragem, subo a rua escura ao lado do meu melhor amigo e por sorte, irmão. Antes de sair de casa, um pouco de chacota e insegurança, “esses trajes são mesmo adequados?” Meu irmão é mais novo, mais alto, mas seguro em seu braço para atravessar a rua. Chegamos. Pois é, não tem mais jeito, tenho que entrar. Dou um passo com o pé esquerdo, sou canhota, ao menos com o pé. No balcão de entrada um pequeno boneco do Hommer Simpson, me lembra minha festa de três anos, que teve tema a família Simpson, “o que meus pais tinham em mente?” Lembra-me também outra pessoa, mas vim abafar essa lembrança. O instrutor é simpático, assim, de um jeito não forçado, é baixinho, não é bonito. Ele pergunta qual meu objetivo, respondo: não morrer no primeiro dia. Ele ri e diz que vai ser tranquilo.
O lugar não está muito cheio. Aparelhos e algumas pessoas fazendo esforço, em posições engraçadas. Duas mulheres em colchonetes levantam as pernas, em movimentos repetidos. Hora de aquecer. De frente para o espelho, olho a minha roupa, não está assim tão ruim. O instrutor elogia minha flexibilidade, ele ainda não viu como me saio com as pernas, sou péssima. Por sorte, é dia de trabalhar os braços. Três séries de quinze movimentos repetidos. Conto mentalmente. Até que não é um esforço excessivo, dá para aguentar. Olho ao redor, tem um senhor tentando utilizar um aparelho, mas está muito pesado, ele sorri como que pedindo ajuda, ela chega, ele então senta e põe força na perna. Ao meu lado esquerdo um homem faz cara de dor, levanta uma barra com muito esforço. Uns jovens se divertem fazendo abdominais de um jeito diferente, eles riem.
Acabou a série com os braços. “Senta lá na bicicleta, dez minutos”, ele diz. Os segundos parecem horas, na TV o Jornal Nacional, com legenda, difícil de ler. Olho o tempo na bicileta, cinco minutos, me deu fome. Paro um pouco, e não é que o relógio também? Desgraçado! A minha frente meu irmão corre na esteira. O som no ambiente toca algo que identifico como música eletrônica. Sete minutos. Nossa, estou cansada. Um pouco mais de esforço. Nove minutos. Coração acelerado, calor, pedala, dez minutos e quatro segundos, acabou! Espero um pouco. Levanto.
O instrutor pega a ficha, no meio da bagunça em cima do balcão não acha a minha. Diz que vai anotar presença e que no dia seguinte já vai estar tudo programado para o próximo treino. Me escoro no meu irmão. Hora de ir para casa, que fome. Acho que as coisas estão rodando, perdi a audição do ouvido esquerdo, que fome. É melhor sentar um pouco, está tudo rodando. Melhor sentar. Dois minutos depois já consigo levantar, desço a rua escura. Chego em casa. Perguntas. Estou irritada, só quero comer. Janta, banho, cama. Sobrevivi ao primeiro dia de academia.
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