Amigos reunidos em um café conversam descontraidamente sobre o próximo encontro amoroso de uma das mulheres do grupo. “Mas ele só pode ter algum problema”, brinca o rapaz de jaqueta de couro preta e cabelo liso, escorrido na testa, sobre o suposto par da amiga. “Não é um encontro”, trata logo de afirmar a garota de cabelos volumosos, na altura dos ombros e jaqueta amarela. Dentre as provocações habituais que esse tipo de assunto traz a um grupo de amigos, de uma hora para outra, o assunto se volta ao sonho da noite anterior de um deles. “Eu estava lá, no meio do colégio e eu percebi que estava completamente pelado. Olhei para baixo e vi que tinha um telefone lá... ao invés do... De repente, o telefone começou a tocar, eu atendi e era minha mãe, o que é muito, muito esquisito, porque ela nunca me liga!”. Boquiabertos com o sonho do engraçadinho, eles não parecem notar a entrada de mais um de seus amigos.
O rapaz de casaco azul se junta ao grupo com uma expressão triste e fala pesada. O assunto torna-se mais sério, o divórcio do próprio, que aos 26 anos vê-se em uma situação inusitada, a esposa saiu de casa para juntar-se a outra mulher.
- Calma gente, eu quero que ela seja bem feliz.
- Não quer não! - Afirma a moça de jaqueta amarela
- Não quero mesmo, ela que vá para o inferno, ela me deixou!
- E você não sabia que ela era lésbica? - Ironiza o de jaqueta preta.
- Não! Por que todo mundo está com fixação nesse detalhe? Ela não sabia, como é que eu poderia saber? - Argumenta indignado.
- Fica calmo. Você está chateado, com raiva, sabe qual é a solução? Striptease! Você está solteiro! - Comemora o de jaqueta de couro.
- Eu não quero estar solteiro. Eu só queria ser casado de novo!
Neste momento, uma moça loira, com um vestido de noiva bufante entra correndo no café. Ela parece procurar por alguém.
Essa cena poderia ser retirada do cotidiano de alguma cidade, mas devido a certos exageros, fica fácil perceber que se trata de um sitcom - abreviatura da expressão inglesa situation comedy ("comédia de situação” - em tradução livre). E não é qualquer sitcom. A cena descrita nas primeiras linhas deste texto saiu do episódio piloto (teste) de um dos seriados americanos de maior sucesso mundial: Friends. O sitcom durou exatos 10 anos (1994-2004) e influenciou toda uma geração de aficionados por seriados.
E esses aficionados saem cada vez mais de frente das telas ao mundo real. Em busca de encontros para debater seriados, eventos voltados a esse fim estão mais recorrentes, entre eles, aconteceu na cidade de São Paulo, de 3 a 5 de julho, o Youpix. O segundo andar na Bienal do Ibirapuera encheu-se numa tarde ensolarada de inverno. Cores, nos banners, nas roupas e nos cabelos. Em sua 11ª edição o evento atraiu os alucinados por tecnologia, pessoas que passam boa parte de seu tempo em frente a uma tela, seja de computador, tablet ou celular. O Youpix tem como slogan "evento onde a internet se encontra fora da internet".
No amplo e escuro andar da Bienal, não é difícil identificar um fã de seriado; ele provavelmente está trajado a caráter, geralmente usa camiseta de sua série predileta. Os fãs de seriados que circulavam sob o chão cinza chegaram ao espaço "2 girls and 1 hub", reservado para discutir se essa paixão por séries é mesmo um vício - Viciados em série: uma nova categoria nerd!
Seguindo a linha comportamental, a psicóloga Lilian Grecu entende que o vício “é resultado de uma construção orgânica, desencadeada pelo reforço de uma relação entre estímulo e prazer”. Lilian complementa, “é um comportamento que consome seus recursos funcionais e emocionais, dificulta raciocínio e altera muito seus desejos”.
Os desejos das pessoas reunidas no espaço dedicado à discussão do tema poderiam ser diversos. Como mostrar-se conhecedor ou apenas juntar-se ao grupo a que pertence, os nerds aficionados por seriados. Nerd, termo outrora rejeitado, hoje é motivo de orgulho, afinal, o que é mais nerd do que ostentar no peito a expressão "BAZINGA!"?, utilizada por Sheldon Cooper de The Big Bang Theory - produzida pela Warner Bros. Television, em conjunto com a Chuck Lorre Productions - a comédia tem como foco dois cientistas prodígios e suas relações. Com grande sucesso e piadas relacionadas a esse universo, a série demonstra ainda mais que o estereótipo do nerd deixou de ser negativo.
Muitos deles estavam reunidos em volta do palco 2 girls and 1 hub para ouvir outros nerds. Os palestrantes Camila Barbieri (editora do Seriadores, do Séries em Série e colunista do Série maníacos) - mais conhecida por Camis, Caio Fochetto (colunista de séries do Papel Pop e co-criador do blog Box de Séries e Festa Blogo, uma festa inspirada em seriados), Michel Arouca (editor do Série Maníacos) e Bruno Tapajós (Cartunista, jornalista, apresentador do podcast Legendado).
De forma muito descontraída e enfrentando problemas técnicos como o microfone baixo e o equipamento audiovisual, que falhou diversas vezes, Camis, usando um vestido cinza e meias de mesma cor, iniciou a conversa numa linguagem própria a quem assiste seriado e tem prazer em escrever sobre assunto, comentar e compartilhar suas impressões dos temas levantados a cada episódio. Ela revelou, por exemplo, que seu tempo cronológico é baseado em quantos episódios ela pode assistir naquele período. "Em uma hora, já dava pra assistir três comédias".
Caio Fochetto, descolado, vestia uma camisa xadrez vermelha e preta e tênis combinando em tons vermelhos. Ele tentava levantar polêmicas desvalorizando essa ou aquela série e sendo bem humorado ao dizer como trata as críticas a seus textos.
Michel Arouca, jovem alto e robusto, vestia uma polo azul marinho e se dizia viciado até em reality shows. "Depois que comecei a ver reality shows, já era, vejo até big brother estrangeiro, é bom, melhor que o brasileiro". Bruno Tapajós fez cara de desprezo para a revelação de Michel, e sendo o mais tímido entre os palestrantes, se reservava a fazer comentários pontuais.
O ponto alto da palestra foi o sorteio de vários boxes de seriados. Antes de começar, números foram distribuídos à plateia. Ao final, foi revelado: quem estivesse com os números de Lost - 4, 8, 15, 16, 23 e 42, em mãos já seriam os sortudos da tarde.
Esses números foram imortalizados pela série de TV por serem aqueles com os quais o simpático gordinho Hurley ganha R$ 190 milhões (US$ 114 milhões) na loteria. Ao longo da série, a sequência numérica aparece em diversos momentos, sempre em situações misteriosas e algumas vezes trágicas. Os números foram tirados da Equação de Valenzetti, uma fórmula matemática fictícia, criada para prever quantos anos ainda faltam para a extinção da humanidade.
Para ganhar outros boxes os palestrantes propuseram um pequeno concurso, que foi aceito na hora. Os participantes tinham que cantar a música de abertura de um seriado. Rolou tema da amada Friends, de The Big Bang Theory e One Tree Hill. O último tema, cantado por uma dupla, levou o box. Basta saber como dividirão uma temporada do seriado para os dois.
Após o equipamento áudio visual ser consertado, o desafio era acertar a que seriado pertencia a fonte das letras na tela, como num exame oftalmológico. Foi mais difícil, mas aos poucos todos os prêmios foram dados, causando euforia geral.
A vida em episódios
Em um café, desses que dominaram São Paulo, da franquia norte-americana Starbucks, uma jovem gesticula em tom de conversa casual, dessas que aconteciam no café Central Perk a cada episódio de Friends. A diferença é que ela bebia água com gás e nenhuma moça vestida de noiva apareceu. Camila Barbieri tem 29 anos, ar e aparência de menina, pele branca, cabelos lisos e tingidos de preto, na altura do ombro que ela mexe e remexe enquanto fala.
Acostumada a conversar sobre seriados, fica surpresa quando se dá conta que seu vício pode ter começado bem antes do que imaginava. "Eu gostava tanto de assistir que minha mãe gravava os seriados, mas eu nem tinha noção. Só depois que parei pra pensar 'putz, eu já obrigava minha mãe a gravar seriado com 5 anos de idade'".
Depois das paixões televisivas da infância, Camis foi se interessar novamente por TV por volta dos 20 anos, quando Dawson's Creek entrou em sua vida. "Isso é trauma, viu? Eu queria ver o final da porcaria dessa série, que eu acompanhava na televisão, mas comecei a trabalhar, fazia faculdade, e não tinha como assistir, porque não tinha tempo. Daí, abandonei tudo que tinha como entretenimento pessoal, para conseguir ver o final da série". Como há 10 anos a internet não funcionava com a velocidade atual, Camis viveu uma verdadeira saga. "Eu não pude ver na televisão, não podia ver em lugar nenhum, então fiquei desesperada.
Foi quando comecei as primeiras tentativas de fazer download, demorou 10 dias para baixar. Deixei o computador ligado 24 horas por 10 dias, 240 horas. Quando acabou, quase chorei de emoção, mas, não tinha legenda, tudo bem, assisti assim mesmo".
Esperando em frente à entrada da livraria Cultura, no Conjunto Nacional, o jovem olhava para a pequena tela de seu celular, com fones de ouvido em volta do pescoço, ele por vezes levantava os olhos, como se estivesse conectado em dois mundos. Na mão direita segurava uma sacola aparentemente pesada. A sacola branca, dessas ecologicamente corretas, abrigava suas mais recentes aquisições, "não me importo em gastar com DVDs de séries e filmes, gasto mais com eles do que com roupa". O carioca de 21 anos mora em São Paulo há dois meses e ainda não havia visitado esse famoso point cultural da Avenida Paulista.
Gustavo Sobral, que tem a voz calma e um tanto doce para sustentar seus 1, 89 m de corpo robusto, pode agir por impulso, como na tatuagem que fez no antebraço direito, "inside all of us is HOPE", diz a frase que remete ao filme "Onde vivem os monstros". Desde a infância está habituado a assistir muita televisão, consequentemente, se interessava mais pela tela do que pela rotina habitual da garotada. Crescendo com a TV a cabo, Friends foi sua porta de entrada ao mundo dos seriados.
Já Camila defende o download de séries, pois, acompanhar pela televisão obriga a ter tempo, artigo raro atualmente. "Para assistir via TV a cabo, você tem que sentar em frente à televisão e assistir, vai conseguir ver um ou dois, não vai conseguir acompanhar 30". Foi assim que ela começou a baixar diversos seriados, seus primeiros foram Grey's Anatomy, Lost e House, seus trampolins para uma vida dedicada aos seriados.
Foi nessa época que sua carreira de blogueira começou. Além de assistir aos seriados, passou a sentir vontade de comentar. "Não existiam muitos blogs, tinha o Série Maníacos, para qual escrevo hoje em dia, mas era um blog pequeno, não era conhecido, acessava também ao teleséries e o blog da Claudia Kroeff da Globo.com, foi lá que eu descobri o que era podcast" (nome dado ao arquivo de áudio digital, frequentemente em formato MP3 ou AAC - este último pode conter imagens estáticas e links, publicado na internet).
A primeira experiência de Gustavo em uma maratona incessante de seriado foi com Lost, ao qual sua irmã o apresentou em 2007. Ele gostou tanto que viu tudo em duas semanas. À partir daí o mundo das series passaria a influenciar grande parte de sua vida.
The O.C foi outra série que de cara o atraiu. Quando terminou, Gustavo passou a procurar séries do mesmo criador, Josh Schwartz, assim aconteceu a descoberta de “Chuck”, um nerd viciado em jogos de computador. A série influenciou tanto a vida do jovem que ele passou a se dedicar a legendar seriados na internet. "Chuck influenciou minha carreira, eu comecei a traduzir por causa da série, entrei no Insubs e depois comecei a trabalhar profissionalmente como tradutor. Sou tradutor por causa de Chuck".
Foi com um amigo que Camila resolveu ter seu próprio blog. Diego Saraiva era entusiasta das séries e juntos criaram o Séries em série. Impulsionada pelo desemprego e pela agitação que beira o hiperativismo, a jovem ocupava o tempo que sobrava das tarefas diárias vendo seriado. "Se eu assistia cinco, passou para dez. Depois de 15, passou para 20, depois de uns três meses, voltei a trabalhar e continuei no mesmo ritmo, assistia no final de semana, dava um jeitinho, nem sei como fazia tudo isso. O blog nasceu nessa época".
Camila é formada em jornalismo e pós-graduada em marketing e relações públicas, trabalhou com política, uma área que ela assume não ter nada a ver com sua personalidade. "Esse negócio de trabalhar com política é muito chato". Camis fala com conhecimento de causa, afinal, estagiou na rádio da Prefeitura de Santos, cidade na qual morava. E acabou atuando na área até os 26 anos. Trabalhou também com Sindicato de Hotelaria e ao vir morar em São Paulo, por conta de problemas familiares - após o falecimento de um tio, ela que já pretendia vir à cidade, uniu o útil ao agradável e veio cuidar da avó e uma tia-avó - trabalhou ligada ao 3º setor. Hoje, Camis faz freelancer com revisões de texto e produz textos para internet, o que a deixa com horário maleável, "posso fazer o que quiser na hora que quiser".
Próximo de completar sete anos, o Blog Séries em série iniciou como um hobbie e hoje toma boa parte da rotina da jovem. Ela e o amigo Diego começaram escrevendo review (críticas). Com o passar do tempo o amigo, formado em farmácia, acabou migrando para outros trabalhos e acabou largando o Blog.
Mesmo tratando o blog com seriedade, Camis não perde a descontração e leva isso a seus textos. "O público de Glee não está nem aí para fotografia, quer saber mesmo é se fulano pegou cicrano. Quando é muito técnico as pessoas não gostam, mas claro depende do público, você não vai falar para o pessoal que o episódio de Mad Man foi cremoso, acho que pega mal".
Participando do grupo Insubs – comunidade na internet que disponibiliza legendas dos seriados gratuitamente, que funciona de forma colaborativa - Gustavo passou a ver muita série, em 2008, chegou a contabilizar 30 seriados em sua rotina. Atualmente, o jovem, que deixou no Rio de janeiro a faculdade de jornalismo, para vir estudar Letras, com ênfase em tradução em São Paulo, vê bem menos séries, mas elas estão totalmente inseridas em sua rotina. "Sempre estou atrasado com os episódios agora, mas não dá para parar".
Ele se mantém em São Paulo, trabalhando em seu apartamento no bairro da Liberdade, traduzindo para o canal Fox e grupo Globosat. Cita a série Apartament 23, como um de seus trabalhos, assim como muitos reality shows e programas de esporte. Vê a tendência dos canais a cabo de dublarem cada vez mais suas séries como uma necessidade. Mas, continua a baixar suas séries na internet, muito por prezar a qualidade no que assiste.
"Aqui em São Paulo eu nem tenho TV a cabo, a qualidade é ruim, só agora alguns canais estão investindo em alta definição, sempre que eu baixo, opto por alta definição". Assim como preza qualidade, Gustavo não vê o ato de usar a internet como fonte de suas séries como um prejuízo para a indústria televisiva. "Eu coleciono DVDs, por mais que eu baixe, eu compro o DVD".
Um ponto curioso é que Camis não vê TV. Abandonou de vez o aparelho e hoje tudo o que quer assistir, utiliza o computador. "Televisão para mim é um acessório de decoração, a minha pifou por falta de uso".
Sem medo de levantar a bandeira do download, acha que o problema da pirataria é ganhar dinheiro em cima dos programas baixados. "Isso é sacanagem". Apesar das grandes empresas manterem a postura contra o download, ela acha que não há como segurar a velocidade das informações atualmente e com a demora das televisões a cabo de comprarem o material norte-americano, o meio de estar antenado e acompanhar as séries é via download.
O mundo do solitário Gustavo sempre está girando em episódios. Ele faz alguns esforços para encaixá-los na rotina, como por exemplo, trabalhar muito em um dia, para fazer alguma maratona. Já até deixou de aceitar trabalho por conta de episódios acumulados. Ele também abre mão de certos convívios sociais, como sair com amigos. Sem muitos círculos sociais fora da rede, Gustavo gosta de ser sozinho, morando só em São Paulo, chega a preferir o silêncio por conta de sua rotina. "Gosto de morar sozinho, tenho meus próprios horários, às vezes, estou sem sono de madrugada e fico trabalhando, daí durmo de dia. Minha mãe que está sofrendo mais lá no Rio, parece que já estou morando há um ano longe dela".
Expansiva por natureza e descendência italiana, Camis sempre deu seu jeito para manter as amizades e ver um número razoável de séries. "Não sou muito de balada, sair sempre, que é o que as pessoas consideram como vida social, mas não deixo de fazer nada". É visível que os viciados em série consideram vida social algo além do convívio na sociedade, a internet é seu meio de se relacionar, mas muitas vezes a amizade da rede pode sim ultrapassar as barreiras cibernéticas e migrar ao mundo paralelo da realidade social. "A pessoa que vê seriado, não é antissocial, eu não acho que sou, se você olhar bem, hoje em dia as comunidades, no Facebook, grupos de Twitter, as pessoas querem sair e se encontrar pessoalmente". A maioria tem amigo virtual, afinal, baixar, comentar e se atualizar sobre seriados te deixa muito tempo na rede, tempo suficiente para conhecer e criar laços com pessoas que nunca encontrou.
Mas, essa tendência parece estar mudando, as pessoas se aproximam por ter gostos parecidos e acabam marcando de se encontrar fora do virtual. "O que está acontecendo é você conhecer essa pessoa de verdade, boa parte das pessoas que conheci na internet, conheço pessoalmente, de sair pra ir ao cinema".
Apesar de ter bastantes amizades relacionadas às séries, Camis diz ter outros círculos de amigos, pessoas com as quais não conversa sobre sua fixação. "Tem amigo que nem sabe o que eu faço, eu nem comento, porque eles nunca sabem do que estou falando”. Aparentemente Gustavo gosta de manter as amizades na internet e por mais que a galera busque se encontrar na realidade, ele tem seus encontros virtuais. "Tenho amigos na internet, e como estou longe de meus amigos do Rio, não me sinto sozinho, por mais que eu esteja".
Como sua carreira de tradutor foi influenciada pelos seriados, quando passou 3 meses em Nova York para estudar, a loja da televisão americana NBC era seu oásis. "Eu amo as comédias da NBC, devo ter ido umas cinco vezes na loja e todas elas, saí com umas sacolas enormes". Usar roupas relacionadas à série é como se fosse sua identificação com outros adoradores. Uma afirmação de seu vício. "Eu gosto de usar camisetas de séries, mesmo que as pessoas não entendam, mas pode até gerar uma identificação com pessoas que nem conheço, mas curtem a mesma coisa que eu".
Os seriados podem influenciar também o humor dos viciados. "Quando faço uma maratona de uma série de comédia, eu me sinto mais alegre, bem humorado. Às vezes em um episódio cheio de drama, fico chateado, pensando na série".
Camis tem seu humor bastante alterado de acordo com os episódios. “Quando Shondinha (Shonda Rhimes - autora de Grey’s Anatomy,) fez aquele final de temporada horrível, perdi a compostura, mandei um tweet para ela. Shonda nunca me respondeu, mas eu nem esperava por isso, só queria extravasar, nesse episódio eu chorava, mas chorava de ódio!".
Além de ter reagido de forma descontrolada com o final da temporada de Grey’s, a jornalista trata a relação com seriados como um relacionamento amoroso, mesmo que esteja ruim, tendo fé de que vai melhorar... "Às vezes não dá e você termina, para de ver".
Fazer com que outras pessoas entrem no vício é um comportamento comum aos aficionados. Com Gustavo não é diferente. "Minha irmã que me introduziu neste mundo, mas hoje sou mais viciado do que ela, sempre dou sugestão de série, agora ela está viciando meu cunhado".
Outrora refutado o termo nerd é o que mais se aproxima da personalidade do jovem. "Hoje, não é mais vergonha ser nerd". Ainda desabituado com os hábitos paulistas, o nerd de óculos pretos em armação grossa e com a barba preenchendo seu rosto redondo, cumprimenta com dois beijos no rosto e vai em busca de mais um pouco de cultura, a próxima parada é na Fnac...
Nenhum comentário:
Postar um comentário